RENAL IMUNE SUPPORT CARE, associado a padrões vibracionais, tem o objetivo de atuar no tratamento de patologias renais. Os componentes deste medicamento, além de outras propriedades, exibem efeitos antidiabetes, antiobesidade e anti-hipertensivos, os quais estão relacionados com a prevenção de disfunções renais. Tais efeitos se dão pela presença das várias classes de fitoquímicos presentes nesse coquetel.
Cymbopogon citratus (CAPIM LIMÃO)
Também conhecido por capim-santo ou erva cidreira, o capim limão é uma planta herbácea da família Poaceae, nativa das regiões tropicais da Ásia, especialmente da Índia. No Brasil é muito comum que esta planta seja chamada de "erva-cidreira", que é um nome popular também dado à espécie Melissa officinalis.
Os componentes citral (geranial) e citral (renal), isolados do capim limão, apresentam atividade antibacteriana tanto contra bactérias gram-negativas quanto gram-positivas. (Orhan et al., 2009)
Stanisavljević et al. demonstraram que o óleo essencial de Cymbopogon citratus possui propriedades antinociceptivas significativas. Tal atividade foi evidenciada utilizando três modelos experimentais distintos de nocicepção (placa aquecida, ácido acético-contorções induzidas e testes de formalina. (Stanisavljević et al., 2009)
Observa-se que os extratos de metanol, MeOH/água, a infusão e a decocção de Cymbopogon citratus possuem efeitos na eliminação de radicais livres. (Thompson, 1998)
A concentração de colesterol foi significativamente reduzida em ratos, quando tratada com extrato etanólico de folhas de Cymbopogon citratus. Contudo esta diminuição mostrou-se dependente da dosagem administrada. (Clifford et al., 2002)
O Citral derivado de C. citratus inibe a inflamação mediadores significativamente e pode ser usado como ingrediente em loções e pomadas para tratar a inflamação tópica. (You et al., 2014)
Os óleos essenciais de capim-limão demonstraram resistência substancial a células fúngicas patogênicas que causam problemas com a produção de micotoxinas no armazenamento de alimentos. As ações inibitórias e sinérgicas também foram observadas contra fungos como pé de atleta, micose, coceira na virilha e infecções fúngicas limitando o desenvolvimento de fungos filamentosos por inativação de células de levedura. (G. R. Li et al., 1989) (XU et al., 1986) (P. K. Mukherjee, Das, et al., 1995)
Os seus extratos etanólicos demonstraram alta atividade antiplasmodial contra duas P.cepas falciparum (P. K. Mukherjee, Balasubramanian, et al., 1995)
O Capim Limão também é um componente presente em medicamentos hipoglicemiantes. Tem sido usado tanto na medicina popular quanto na Medicina ayurvédica para controlar glicose, lipídios e gorduras no soro sanguíneo, podendo ajudar a evitar obesidade e hipertensão. (Mehta et al., 2013)
Na forma de sabão de ervas observou-se o tratamento efetivo de coceira e pele inchada com Cymbopogon citratus. (Lee et al., 2006)
O talo e a folha de capim-limão, quando cozidos juntos, podem ser utilizados contra diarréia. (Pulok Kumar Mukherjee, Pal, et al., 1995)
O extrato etanólico de capim-limão mostrou efeito antimutagênico contra mutações induzidas em Salmonella typhimurium. (Pulok Kumar Mukherjee, Pal, et al., 1995)
Extratos aquosos de folhas de Cymbopogon citratus possuem atividade anti-hepatotóxica contra danos hepáticos induzidos por cisplatina em ratos. (Pulok K. Mukherjee et al., 1996)
O extrato bruto de capim-limão exibe atividade anti-helmíntica de maneira dependente de dose. (Y. Jiang et al., 2010)
Omar et. al. demonstrou que o capim-limão exibe atividade antiácaro contra as seguintes espécies de ácaros: Dermatophagoides farinae (D. farinae) e Dermatophagoides pteronyssinus (D. teronyssinus). (World Health Organization, 1999)
Vazirian et al. demonstrou que beta-mirceno, um componente chave do capim-limão (Cymbopogon citratus) causa analgesia em ratos. (Vazirian et al., 2014)
Medicago sativa (ALFAFA)
A planta madura de M. sativa é caracterizada por uma forte raiz principal, a qual pode eventualmente ultrapassar 6 m ou mais de comprimento. Sua coroa, tem atividade meristemática perene, produzindo brotos que se desenvolvem em caules. Suas folhas se formam alternadamente no caule, e as folhas secundárias e caules terciários podem se desenvolver a partir das axilas das folhas primárias. As suas flores variam em cor, sendo que as colorações roxas, amarelas, creme e brancas são as colorações mais comuns. Após a polinização, as flores mais comumente produzem vagens de sementes em forma de espiral. (Sowndhararajan et al., 2018)
Estudos relataram que as saponinas presentes no caule e folhas de alfafa diminuem as concentrações plasmáticas de colesterol sem alterar a concentração de colesterol de lipoproteína de alta densidade. Também foi evidenciado que ocorreu diminuição da absorção intestinal de colesterol, aumento na excreção de esteroides neutros e ácidos biliares e indução da regressão da esclerose aterosclerose. (Coe, 2020)
M. sativa quando fornecida na dieta (6,25% em peso) e na forma infusão (1 g/400 mL) reduziu o nível de hiperglicemia induzida. (Luu et al., 2015)
O extrato metanólico de M. sativa mostrou atividade estrogênica significativa através de um ensaio de proliferação de células de câncer de mama MCF-7. Nessa pesquisa o extrato estudado mostrou ligação competitiva significativa ao estrogênio receptor β (ER). (Çiftçi et al., 2022)
O extrato das folhas de M. sativa foi usado no tratamento de sintomas da menopausa neurovegetativa em mulheres. Ondas de calor e sudorese noturna desapareceram completamente com o tratamento de extrato de M. Sativa. Níveis basais de estradiol, hormônio luteinizante, hormônio folículo estimulante, prolactina e hormônio estimulador da tireoide foram inalterados. As conclusões desse estudo forma que M. sativa possui uma ação antidopaminérgica central leve sem efeitos colaterais. (Rui Jiang et al., 2002)
Em um experimento in vitro, polissacarídeos isolados de M. sativa exibiram atividade imuno potenciadora aumentando a captação de linfócitos de camundongo de [3H] timidina. (Johnston et al., 2013)
Através de vários estudos a atividade antimicrobiana de saponinas isoladas de M. sativa contra leveduras medicamente importantes, bactérias Gram-positivas e negativas foram evidenciadas com sucesso. Adicionalmente atividade antifúngica discreta também foi observada, principalmente contra Saccharomyces cerevisiae. (Parilli-Moser et al., 2021)
Componentes polissacarídicos refinados de M. Sativa demonstraram inibir as atividades de transcriptase do HIV e protease do HIV. (Saeedi-Boroujeni et al., 2021)
Saponinas isoladas das partes aéreas de M. Sativa demonstraram estimular a atividade lipolítica sem influenciar a atividade amilolítica e proteolítica de Neo-Pancreatinum. (Bhat et al., 2021)
O pré-tratamento com extrato de M. Sativa reduziu o tamanho do infarto cerebral. Além disso, a M. sativa exibiu atividade antioxidante através da eliminação direta dos radicais livres gerados contra um radical estável 1,1-difenil-2-picrilhidrazil e radicais de ânion superóxido gerados em fenazina. (Yu et al., 2021)
O efeito do extrato aquoso liofilizado de Medicago sativa contra o estresse oxidativo induzido por clorofórmio e lesão hepática foi estudado em ratos. O pré-tratamento com alfafa por três semanas antes da administração de clorofórmio preveniu significativamente a aumento dos níveis séricos de marcador hepático, níveis de LDL, VLDL e redução do estresse oxidativo indicado por proteína sulfidrila e concentração de proteína total. O exame histopatológico dos fígados também mostrou que a extrato de alfafa reduziu a incidência de lesões hepáticas induzidas por clorofórmio. (Al-Dosari, 2012)
Curcuma zedoaria (ZEDOÁRIA)
Originária da Ásia, Índia, China e Japão, bem aclimatada no Brasil, tendo como nome científico Curcuma zedoaria (Christm.) Roscoe, também chamada de falso açafrão. Suas principais indicações são: anti-inflamatória, antidispéptica, antiespasmódica, imunoestimulante, hepatoprotetora, hipolipemiante, antifúngica, antisséptica, analgésica, cicatrizante, expectorante, antitussígena e antitumoral.
(Pamplona et al., 2006), constatou que os seus rizomas são ricos em terpenoides, isto é popularmente conhecido como expectorante, diurético, colagogo, rubefaciente, hepatoprotetor, muito utilizado no tratamento de gastrite e como profilático em odontologia (Rana et al., 1992).
(Yoshioka et al., 1998), obteve resultados muito interessantes em artrite crônica, pela Deidrocurdiona ser capaz de inibir a atividade da ciclooxigenase e formação de radicais livres.
(Syu et al., 1998), demonstrou que a Curcumina, Demetoxicurcumina, Curculonol e outros, foram citotóxicos contra células cancerígenas de ovário humano.
(Ficker et al., 2003), encontraram resultados satisfatórios antifúngicos, frente os microsganismos, Candida albicans, Tricophyton mentagrophytes e Aspergillus niger.
Persea americana (ABACATEIRO)
O abacateiro, é uma árvore de aproximadamente 20 m, nativa da América Central.
A observação no estudo das folhas do abacateiro, confirma o uso desta planta na prática etnomédica, para o controle do diabetes. (Antia et al., 2005)
Os resultados do estudo feito por Kooti et. al. sugerem que a folha de abacateiro pode ser usada como remédio complementar natural na hipertensão essencial e em certos casos de disfunções cardíacas. (Kooti et al., 2016)
A decocção das folhas de abacateiro, teve efeito na diminuição da pressão arterial sistólica e diastólica em pacientes hipertensos. (Fibriana et al., 2018)
Os resultados do trabalho publicado por Castro-López mostraram claramente que os compostos da Persea americana possuem poderosa atividade antioxidante. (Castro-López et al., 2019)
Os resultados obtidos por Adeyemi et al. indicam que o extrato da folha do abacateiro, possui efeitos analgésicos e anti-inflamatórios interessantes. (Adeyemi et al., 2002)
De acordo com pesquisas feitas por Ojewole et al., observa-se que o extrato aquoso da folha de Persea americana, possui uma propriedade anticonvulsivante sugerindo uma credibilidade farmacológica aos usos etnomédicos sugeridos da planta no manejo de convulsões e epilepsia na infância. (Ojewole et al., 2006)
Copaifera langsdorffii (COPAIBA)
A oleorresina das árvores de Copaifera tem sido amplamente utilizada como medicamento tradicional nas regiões Neotropicais há milhares de anos e continua sendo um tratamento popular para uma variedade enorme de doenças.
Óleos de oleorresina de Copaifera mostraram atividade antiparasitária in vitro contra promastigotas de Leishmania amazonenses. (Santos et al., 2008)
A oleorresina de copaíba tem demonstrado atividade antibacteriana contra diversas cepas, em particular, Bacillus subtilis Gram-positivo e Staphylococcus aureus. (Pacheco et al., 2006) As oleorresinas de copaíba também exibiram atividades antiproliferativas de bactérias gram-positivas in vitro e in vivo (Bardají et al., 2016) e atividade anti-inflamatória. (Veiga et al., 2007)
(Paiva et al., 2002)
Vários compostos químicos isolados da copaíba, em particular o ácido (-)-copálico (AC), apresentaram atividade antibacteriana contra os principais microrganismos responsáveis pela cárie dentária: Streptococcus salivarius, S. sobrinus, S. mutans, S. mitis, S. sanguinis e Lactobacillus casei.(Souza, Martins, et al., 2011)
A ausência de efeitos genotóxicos e a promissora atividade quimiopreventiva do extrato de copaíba foram utilizadas no estudo de Ozelin et al. Esses resultados demonstraram que o extrato de copaíba é seguro para o consumo humano. (Ozelin et al., 2021)
O extrato hidroalcoólico das folhas de copaíba mostrou um efeito citoprotetor promissor contra a exposição a elementos químicos tóxicos (metais pesados). (Aldana et al., 2020)
O óleo-resina de copaíba também apresenta discreta ação antilipoperoxidante, intensa ação antioxidante e atividade antiinflamatória, reduzindo a produção ou neutralizando a ação dos radicais livres. (De Lima Silva et al., 2009)
Os efeitos da óleo-resina obtida da casca do caule de Copaifera langsdorffii apresentam efeito gastroprotetor em lesões gástricas induzidas por etanol, indometacina e hipotermia em ratos. Esses efeitos podem estar associados com a capacidade do extrato de diminuir a secreção gástrica e aumentar a produção de muco. (Paiva et al., 1998) (Lemos et al., 2015)
O fruto da copaíba apresentou alto teor de polifenóis e capacidade antioxidante. Foram identificados na polpa da copaíba: compostos fenólicos, como ácido gálico, galato de epicatequina, catequina, epicatequina e isoquercitrina. Apesar da capacidade antioxidante, a utilização de altas doses de copaíba não apresentou efeitos antimutagênicos em estudos in vivo. Nessa esteira a dose que apresentou atividade antimutagênica foi da ordem de 100 mg kg−1. (Batista et al., 2016)
Após três aplicações anuais, o verniz de copaíba demonstrou demonstrou atividade antimicrobiana significativa contra S. Mutans por até 12 meses em crianças com alto risco de cárie. (Rocha Valadas et al., 2021)
O ácido (−)-copálico (AC) isolado da oleorresina de Copaifera langsdorffii foi o composto mais ativo contra o principal patógeno responsável pela periodontite(Porphyromonas gingivalis). Além disso, o uso de extratos padronizados à base de óleo-resina de copaíba com alto teor de ácido copálico pode ser uma importante estratégia no desenvolvimento de novos produtos para higiene bucal. (Souza, De Souza, et al., 2011)
Echinacea purpurea (EQUINÁCIA)
A Echinacea purpurea é originária da América do Norte (planta da mesma família do girassol), onde se utiliza sua raiz e o seu rizoma.
Os principais componentes responsáveis pela imunomodulação da Echinacea purpurea, (Marriott, 2003) (Merali et al., 2003) são: alcamidas, polissacarídeos e derivados cafeico principalmente o ácido chicórico. (Dalby-Brown et al., 2005)(Xue et al., 2021)
O Extrato de Echinacea purpurea atua como imunomodulador (Melchart et al., 1994) por vários mecanismos, confirmados por numerosos estudos científicos: ativação da fagocitose, estímulo dos fibroblastos e aumento da mobilidade dos leucócitos. Com isto, é amplamente utilizado como auxiliar no tratamento de gripes, resfriados, (Flannery, 1999) infecção urinária, candidíase, abcessos dentários, artrite reumatoide, doenças virais (Hepes simples e zoster) e bacterianas.
Sloboda, et al. fizeram um estudo em infecção de placenta em equinos, que pode levar ao aborto, com E. purpurea, pensando na ação modulatoria da mesma sobre TNF alfa e VEGF (vascular endothelial growth factor), tendo resultados positivos em infecções em placentas equinas. (Sloboda et al., 2016)
Um estudo clínico realizado com 120 pacientes com infecção aguda do trato respiratório foi registrada a melhora significativa dos seus sintomas com a utilização da Echinacea purpurea, quando comparado com o grupo tratado com placebo. (Hoheisel, 1997) (Brinkeborn et al., 1999)
E. purpurea tem se mostrado com uma atividade na regeneração de tecidos injuriados, sejam com presença de infecção onde ela tem uma ação muito positiva, seja pela promoção de angiogênese (ação interessante na regeneração dos infartos do miocárdio). (Kapai et al., 2011)
O ácido clorogênico, um fitocomponente da E. purpurea, tem ação inibitória importante na protease 3CLpro (inibidor da expressão gênica viral, SARS-CoV-2)), podendo ser uma boa ferramenta para o tratamento da síndrome respiratória aguda do Coronavírus 2. (Sanjay et al., 2021)
Abelmonem et al. demonstraram que o tratamento com E. purpurea, no final de 14 dias induziu efetivamente a mobilização das células de regeneração do miocárdio em ratos possuindo infarto induzido. (Abdelmonem et al., 2015)
Costus spicatus (CANA DO BREJO)
É uma planta de 1 a 2 m de altura. Suas folhas são grandes, de formato e suas flores são reunidas em inflorescências terminais (estróbilos) podendo ter coloração variando de vermelho à rosa claro ou branco. É encontrada comumente em áreas úmidas, como beira de rios ou lagos, mas também pode ocorrer em áreas de savana ou afloramentos rochosos.
Observa-se que a cana do brejo exerce efeitos citotóxicos moderados em células cancerosas humanas, efeitos anti-inflamatórios e antinociceptivos moderados. (Dizaye et al., 2013)
Os extratos metanólicos de folhas de cana do brejo também demonstraram atividades inibitórias in vitro sobre α-glicosidase, formação de frutosamina, glicação e ligações cruzadas de proteínas induzidas por glicação. (Balzarini et al., 1992)
Turker et al. reportou que boa atividade anti-inflamatória foi exibida pelos compostos isolados da cana do brejo. Tal resultado está alinhado com a utilidade desta planta no tratamento tradicional e sintomas relacionados à inflamação. (Turker et al., 2008) Para resultados de atividades antinoceptivas e anti-inflamatórias em roedores ver: (Sarma Kataki, 2012)
A diosgenina, uma saponina esteroidal de ocorrência natural encontrada em abundância na cana do brejo, é um precursor de alta relevância para a síntese de várias drogas esteroides amplamente utilizadas na indústria farmacêutica. Outro composto isolado da cana do brejo, diosgenina, demonstrou propriedades anticancerígenas e efeitos apoptóticos na proliferação celular possuindo, portanto, potencial para serem utilizadas como drogas farmacêuticas. (Testai et al., 2002) (Hajhashemi et al., 2013)
Experimentos sugeriram que o extrato da cana do brejo exibe um mecanismo central para a inibição de dor e inibir a síntese de prostaglandinas. Esses resultados estão alinhados com a tradicional administração de decocção de C. spicatus para tratar distúrbios inflamatórios, inibição de dor incluindo aqueles causados por envenenamento por Bothrops atrox. (Harput et al., 2005)
Smilax japicanga (JAPECANGA)
Este é um grupo de plantas nativas das regiões tropicais e subtropicais do Brasil. Possui como características folhas gabras, flores esverdeadas com frutos globosos. Observa-se que este conjunto de plantas vem sendo utilizado por muito tempo (séculos) por povos indígenas para diversos tratamentos, os quais incluem impotência sexual, reumatismo, problemas cutâneos e como fortificante natural.
Além dos usos relatados acima, há relatos que datam do século XV mencionando seu uso para purificação sanguínea, diurético, diaforético e para o tratamento de sífilis e outras doenças venéreas. (Hobbs, 1988) Observou-se através de testes clínicos realizados na China, que a eficácia da japecanga contra a sífilis foi de 90% em casos agudos e 50% em casos crônicos. (Leung et al., 1996) Essa propriedade significativa provavelmente é devido a atividade antibiótica presente nessa planta. (d’Amico, 1950)(Fitzpatrick, 1954) Ainda através de testes clínicos em seres humanos, foi comprovada sua eficácia no tratamento da lepra. (Rollier, 1959)
As atividades farmacológicas desse grupo de plantas estão relacionadas principalmente à presença de um conjunto de esteroides, bem como saponinas nos seus tecidos. (Leung et al., 1996)(Willard et al., 1991)
Mikania hirsutíssima DC (CIPÓ CABELUDO)
O cipó cabeludo é descrito como uma epífita reptante e/ou hemicriptófita reptante de distribuição neotropical. Pode ser encontrada como corticícola e/ou rupícola e é facilmente reconhecida por seu caule longo intensamente revestido por escamas e folhas dimorfas (as estéreis são ovadas e as férteis lanceoladas). O Microgramma vacciniifolia é conhecido popularmente como erva-silvina, erva-silveira, erva-tereza, erva-de-lagarto, cipó-peludo. Muitos relatos apontam esta espécie como um poderoso adstringente, sendo também recomendada para hemorragias, expectorações, diarreias, disenterias, cólicas intestinais e hidropsia. (Peres et al., 2009)
Foi demonstrado por Patriota et al. que a lectina de microgramma vacciniifolia é um potente agente antitumoral contra sarcoma 180 em camundongos. Os autores acreditam que o efeito antitumoral exibido pode estar ligado à atividade citotóxica da lectina através da indução de apoptose e da sua atividade antiangiogênica. Adicionalmente, a capacidade imunomodulatória da lectina também pode estar ligada a capacidades antitumorais. (Patriota et al., 2021)
Microgramma vacciniifolia (Polypodiaceae) fronde lectina (MvFL), quando administrada por via intraperitoneal, tem efeito anti-inflamatório em dois modelos de inflamação aguda. A MvFL influencia a liberação de mediadores da inflamação pelas células imunes. Destaca-se que a capacidade do MvFL de modular todos esses mediadores pode ser utilizada terapeuticamente para controlar, regular e limitar processos inflamatórios agudos para prevenir danos. (de Siqueira Patriota et al., 2022)
Além disso a miicrogramma vacciniifolia (Polypodiaceae) fronde lectina (MvFL) apresentou atividades antibacterianas e antitumorais in vivo e, portanto, pode ser considerada como uma alternativa de origem natural para o desenvolvimento de candidatos à terapia contra infecções invasivas e tratamento do câncer.(da Silva et al., 2022)
O extrato salino e a fração rica em lectina (MvRL) derivados de M. vacciniifolia, apresentaram atividades antinociceptivas e anti-inflamatórias em camundongos. Ambos os extratos inibiram tanto a dor periférica como a dor central e foram eficazes contra a inflamação induzida termicamente e quimicamente, reduzindo a migração celular e a liberação de citocinas pró-inflamatórias. Os resultados também indicaram o envolvimento de receptores opióides e canais K+-ATPase.(Cavalcante da Silva et al., 2021)
Arctium lappa (BARDANA)
É uma espécie eurasiana de plantas da família Asteraceae tipicamente cultivada em jardins. Esta espécie é nativa das regiões temperadas do Velho Mundo, Escandinávia, Mediterrâneo, Ilhas Britânicas, Rússia, Oriente Médio, Índia, China, Taiwan e Japão. É naturalizada em quase todos os lugares e geralmente é encontrada, especialmente em solos ricos em húmus e nitrogênio,
O extrato de bardana exibe atividade anti-inflamatória inibindo a degranulação e liberação de cisteinil leucotrienos (Cys-LTs) por células mononucleares sanguíneas (PBMCs). O extrato de bardana também inibiu significativamente o edema agudo da orelha do camundongo devido à resposta alérgica induzida. (Coté et al., 2017) (Rosselli et al., 2012)
A produção excessiva de óxido nitroso (NO) está envolvido em várias doenças inflamatórias como artrite reumatoide, doença autoimune, inflamação crônica e aterosclerose. Petrov et al. demonstraram que constituintes químicos (Lappaol F, diarctigenina e arctigenina), encontrados nas sementes ou folhas de bardana, inibiram a produção de NO sendo, portanto, podendo ser utilizados no tratamento das doenças relacionadas acima. (Petrov et al., 2016)
Ivanova et al., demonstrou que a arctigenina, um composto encontrado nas sementes de bardana, tem a capacidade de erradicar células cancerosas. Adicionalmente, antioxidantes do tipo lavoniod e alguns outros antioxidantes polifenólicos ativos, encontrados na raiz de bardana, podem ser responsáveis pelos efeitos supressores sobre metástase de câncer. (Ivanova et al., 2005) (Krzyżanowska-Kowalczyk et al., 2021)
Neagu et al. demonstrou que os extratos da raiz de bardana protegem as células de substâncias tóxicas e diminuem as mutações celulares. (Neagu et al., 2018)
Foi provado que a lignana total da bardana é um agente antidiabético seguro e pode ajudar a prevenir complicações relacionadas à essa doença. (Sadowska et al., 2019)
Kruglov relatou que o extrato liofilizado das folhas de bardana exibe atividade antimicrobiana contra microrganismos orais e é mais eficaz contra bactérias relacionados a patógenos endodônticos como: Bacillus subtilis, Candida albicans, Lactobacillus acidophilus e Pseudomonas aeruginosa. (Kruglov, 2007)
De acordo com Pielesz et al., os constituintes da bardana demonstraram atividade anti-viral. Os constituintes fenólicos, como ácido cafeico e ácido clorogênico demonstraram forte efeito inibitório contra pesvírus (HSV-1, HSV-2) e adenovírus (ADV-3, ADV-11). (Pielesz et al., 2012)
Juglans hindsii (NOGUEIRA NEGRA)
É uma espécie de árvore do gênero Juglans existente nos Estados Unidos. Seus grãos foram extensivamente utilizados pelos nativos norte-americanos como fonte de alimento e para fins medicinais no tratamento de diarreia, cólica e cólica biliar. (Nolan et al., 1999)
Ho et al. demonstraram a atividade antibacteriana da nogueira negra através de experimentos envolvendo seus grãos de noz preta bem como seus compostos antibacterianos isolados (por exemplo, glansreginina A, ácido azelaico) contra uma bactéria Gram-positiva (Staphylococcus aureus RN6390. (Ho et al., 2018)
As capacidades anti-inflamatórias de outra espécie comum de Juglans, a nogueira inglesa (Juglans regia L.) foram bem estabelecidas em experimentos in vitro e in vivo. (Willis et al., 2010) (Ros, 2015)
Além dos benefícios relatados acima, Na Pan et al. demonstraram que o consumo de noz inglesa reduz o risco de diabetes tipo 2. (Pan et al., 2013)
O consumo de nogueira negra também está relacionado com a redução na incidência de eventos cardiovasculares. (2013)
Amorimia pubiflora (CIPÓ PRATA)
O Cipó-prata é nativo do Brasil, é pertencente à família Trigoniaceae e é normalmente encontrado em terrenos arenosos da região da Bacia do Paraná. Essa planta é usualmente utilizada no tratamento do ácido-úrico. Outros relatos indicam que essa planta também é empregada no tratamento de inflamações e infecções renais e urinárias. Segundo informações populares, todas as partes da planta são utilizadas para a preparação dos chás. (Pais, 2008)
De acordo com os resultados publicados por Pais, o extrato aquoso (EA) de cipó prata, apresenta efeitos natridiuréticos promovendo também aumento na excreção de potássio. Esses resultados suportam o fato de que esse extrato possui efeitos semelhantes aos diuréticos na excreção de K+ (Pais, 2008)
Hibiscus sabdariffa (HIBISCUS)
Essa planta pertence à família Malvaceae e é amplamente distribuída e cultivada em todo o mundo em regiões tropicais e subtropicais, incluindo China, Tailândia, Indonésia, Egito, Sudão, Arábia Saudita, Taiwan, Vietnã, Nigéria e México, entre outros, porém é nativo da Índia e da Malásia. Os principais usos do hibisco são culinários, mas também é utilizado como fonte de pigmentos para aplicações cosméticas e alimentícias, e medicinais na medicina popular para o tratamento de muitas doenças. Em geral, os efeitos terapêuticos do hibiscus têm sido associados à presença de componentes bioativos e funcionais, como ácidos fenólicos, flavonoides, antocianinas, ácidos orgânicos e fibra alimentar.
As propriedades antioxidantes do extrato de HS foram investigadas por sequestro de radicais 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH•), 2,2'-Azinobis-(3-etilbenzotiazolino-6-sulfônico) (ABTS+) e através de muitos outros experimentos. Essas propriedades antioxidantes têm sido associadas principalmente à presença de ácidos fenólicos, flavonoides e antocianinas presentes nos extratos de hibiscus. (Mercado-Mercado et al., 2015)(. et al., 2005)(Ademiluyi et al., 2013)(Abba P Obouayeba et al., 2014)(Suleiman et al., 2015)(Pérez-Torres et al., 2019)(Al-Yousef et al., 2020)
Os efeitos anti-hipertensivos do hibiscus foram estudados utilizando o ensaio inibitório da enzima conversora de angiotensina (ECA). Além disso, a atividade anti-hipertensiva do extrato de hibiscus também foi realizada na aorta de ratos, exibindo efeito vasorrelaxante. Em relação ao potencial antidiabético do HS, ensaios inibitórios de α-amilase e α-glicosidase têm sido utilizados para avaliar a bioatividade. Nesse contexto, Adedayo et al. mostraram que um extrato aquoso de hibiscus pode inibir enzimas envolvidas na digestão de carboidratos, atribuída à presença de compostos fenólicos de maneira dose-dependente.
No que se refere a citotoxicidade do hibiscus, Hosseini et al. demonstraram que o extrato diminuiu significativamente a apoptose celular após 24 h de exposição de forma dose-dependente. Tal atividade foi associada principalmente à capacidade do extrato de hibiscus de reduzir o estresse oxidativo. (Ojeda et al., 2010)(Zheoat et al., 2019)(Ademiluyi et al., 2013)(Hosseini et al., 2017) Para outros estudos demonstrando a habilidade anticancerígena do hibiscus ver: (Su et al., 2018)(Khaghani et al., 2011)
As propriedades antibacterianas do extrato metanólico de hibiscus foram avaliadas pelo método de difusão em disco contra várias bactérias Gram-negativas e Gram-positivas, incluindo Staphylococcus aureus, Bacillus stearothermophilus, Micrococcus luteus, Serratia mascences, Clostridium sporogenes, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Bacillus cereus, fluorescência de Pseudomonas e Listeria monocytogenes. Além disso, a atividade antifúngica foi avaliada contra Candida albicans, C. glabrata, C. guilliermondii, C. krusei, C. parapsilosis, C. tropicalis, Aspergillus parasiticus e Aspergillus flavus através do teste de concentração inibitória mínima. Segundo os autores, as propriedades antimicrobianas são atribuídas à presença de compostos fenólicos. Por outro lado, Joshi et al. demonstraram que a decocção aquosa de cálices de hibiscus exibiu propriedades antivirais contra hepatite A, calicivírus felino e norovírus murinode maneira dose-dependente. Nesses últimos casos a atividade antiviral do extrato de cálice de hibiscus foi atribuída ao efeito sinérgico de polifenóis e ácidos orgânicos. (Tolulope, 2007)(Joshi et al., 2015)(Hassan et al., 2016)
Segundo vários trabalhos científicos, os extratos de hibiscus administrados a 500 mg/kg de peso corporal (pc) mostraram efeitos protetores contra danos neuronais. Isso foi associado às propriedades antioxidantes dos fitoquímicos e sua capacidade de ativar os sistemas de defesa antioxidantes endógenos no cérebro. Além disso, foi relatado que o extrato de hibiscus (100 a 400 mg/kg pc) exibiu propriedades sedativas (semelhantes ao diazepam) em ratos induzidos por apomorfina de maneira dose-dependente. Esses resultados sugeriram que o extrato de hibiscus contém compostos fitoquímicos capazes de interferir no sistema de neurotransmissão dopaminérgico, semelhantes aos agentes antipsicóticos. (Owoeye et al., 2017)(Mezni et al., 2020)(Amos et al., 2003)(Gulsheen et al., 2019) (Seung et al., 2018)
As propriedades hepatoprotetoras do extrato aquoso de cálices HS foram investigadas em ratos Wistar injetados com 2,4-dinitrofenilhidrazina. Nesses trabalhos observou-se que nas doses de 100 a 200 mg/kg pc, o extrato de HS apresentou efeitos hepatoprotetores, inibindo a toxicidade do DNPH e normalizando a concentração de T-BIL e D-BIL de forma dose-dependente e semelhante à observada com o uso de drogas comerciais. Esses efeitos foram atribuídos à presença de gossipetina, quercetina, sabdaretina, hibiscetina, delfinidina 3-O-sambubiósido cianidina 3-O-sambubiósido e suas propriedades antioxidantes. Tendências semelhantes foram relatadas em uma hepatotoxicidade induzida por tetracloreto de carbono e em ratos após administração de hibiscus nas doses de 0,25 mg/kg pc e 50 mg/kg pc, respectivamente. (Abba Obouayeba et al., 2014)(Usoh et al., 2012)
A atividade antidiabética do hibiscus foi estudada em ratos diabéticos induzidos por aloxana e estreptozotocina (STZ). Em geral, os extratos aquosos mostraram efeitos hipoglicêmicos e antioxidantes após 21 dias de administração de forma dose-dependente, enquanto o extrato hidroalcoólico reduziu a glicemia na dosagem de 300 mg/kg pc. Além disso, foi relatado que a suplementação diária com 100 mg/kg por 28 dias melhorou significativamente a morfologia do fígado em ratos diabéticos induzidos por STZ. Adicionalmente, a administração de um extrato enriquecido com polifenóis do hibiscus (100 mg/kg por 28 dias) melhorou o dano do estresse oxidativo no coração de ratos diabéticos. Esses efeitos antidiabéticos do hibiscus estão associados principalmente às propriedades antioxidantes de seus fitoquímicos. (Aba et al., 2014)(Haidari et al., 2020)(Nazratun Nafizah et al., 2017) (Yusof et al., 2020) Para um estudo das propriedades anti-hipersulinemicas do hibiscus ver: (Bunbupha et al., 2012)
As propriedades antiobesidade do hibiscus foram relatadas em ratos sob dietas ricas em gordura e rica em frutose. O extrato aquoso de cálices secos de hibiscus exibiu propriedades hipocolesterolêmicas em ratos hipercolesterolêmicos em doses de 500 e 1000 mg/kg pc diariamente por seis semanas. Por outro lado, em ratos saudáveis, o extrato aquoso de hibiscus (200 mg/kg pc) reduziu os níveis de colesterol total, aumentando o teor de lipoproteína de alta densidade (HDL). Além disso, o extrato metanólico do cálice de HS (100 a 800 mg/kg pc) diminuiu significativamente o colesterol sérico e aumentou as enzimas marcadoras hepáticas (fosfatase alcalina (ALP), alanina aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST)) em uma dose resposta dependente em comparação com o grupo controle. Como evidenciado acima, esses efeitos foram atribuídos aos abundantes fitoquímicos antioxidantes nos extratos de HS. (Amaya-Cruz et al., 2019) (Hirunpanich et al., 2006)(Chukwu et al., 2017)(Emmanuel et al., 2018)(Nnanna et al., 2018)(Nnamonu et al., 2013)(Olatunji et al., 2005)
O extrato aquoso dos cálices de hibiscus reduziu significativamente a pressão arterial em ratos hipertensos. Rodríguez-Fierros et al. relataram que o extrato aquoso de cálices HS na concentração de 2 g/L melhorou a função renal em um modelo de rato com síndrome metabólica ao reduzir o estresse. (Nurfaradilla et al., 2019)(Rodríguez-Fierros et al., 2021)
Bayani et al. relataram que os extratos de hibiscus (a 500 mg/kg pc) exibiram propriedades anti-inflamatórias potentes em ratos e preveniram deficiências de memória espacial. (Agbai et al., 2014)(Bayani et al., 2018)
As propriedades gastroprotetoras de extratos aquosos de cálices de hibiscus foram investigadas em ratos com úlcera gástrica induzida por indometacina. Huseini et al. demonstraram que o extrato de hibiscus (a 800 mg/kg pc) reduziu significativamente o índice de úlcera gástrica (GUI de 8,2) em comparação com o grupo controle (GUI de 22,9). Este efeito pode estar associado às propriedades antioxidantes das antocianinas, como demonstrado em ratos com lesão gástrica induzida por etanol. (Fallah Huseini et al., 2015)(Chun Ying Li et al., 2008)
As pétalas do hibiscus são amplamente utilizados na terapia não farmacológica para prevenir ou controlar diversas doenças crônicas não transmissíveis associadas às suas propriedades anti-hipertensivas, antidislipidêmicas, hipoglicêmicas, antianêmicas, nefroprotetoras, antioxidantes, antixerostômicas, anti-inflamatórias e efeitos de redução na massa de gordura corporal. (Elkafrawy et al., 2020)