COMPLEXO DIGESTÓRIO ENZIMÁTICO CAPS, adicionado a padrões vibracionais, ajuda a modular as reações enzimáticas a nível sistêmico por terem sido planejadas para se abrir no intestino. As enzimas têm muitas atribuições dentre elas moduladoras de inflamação, ação anticâncer, hepatoestimuladora e hepatoprotetora, além de atuar no sistema nervoso, articular, circulatório, etc. Quando associado a fitoterápicos, a sua ação é ampliada e potencializada.
Astragalus mongholicus Bunge (ASTRAGALUS)
Astragalus L. (Leguminosae) é um gênero amplamente distribuído nas regiões temperadas do mundo, localizado principalmente na Europa, Ásia e América do Norte. Cerca de 2.000 espécies foram descritas, 372 delas na América do Norte e 133 na Europa. O uso mais comum de Astragalus é como forragem para gado e animais selvagens, outras formas de utilizações sua aplicação em alimentos, medicamentos, cosméticos, como substitutos de chá ou café, ou como fontes de gomas vegetais. (Ríos et al., 1997) De acordo com
As propriedades hepatoprotetoras dos extratos de Astragalus foram amplamente estudadas e, em alguns casos, os princípios ativos foram descritos. Esses trabalhos mostraram que suas propriedades antioxidantes podem prevenir danos no fígado. Adicionalmente, estudos em animais com lesão hepática tóxica induzida indicam que o extrato de raiz de astragalus previne a diminuição do conteúdo de glicogênio hepático e eleva os níveis de proteína sérica total e albumina. (Tang et al., 2013) Para outros trabalhos mencionando a atividade hepatoprotetora da especie A. mongholicusa ver: (L. X. Wang et al., 1992)(Hong et al., 1994)
O Astragalus mongholicus Bunge é vastamente utilizado na medicina moderna Chinesa como um modulador imunológico contra várias doenças degenerativas crônicas e também na terapia auxiliar contra o câncer. (Upton et al., 2016)
Um estudo realizado por Yu et al., demonstrou que vários compostos isolados do Astragalus mongholicus Bunge exibe atividade antioxidante. Nesse trabalho, dentre todos compostos isolados a calicosina foi a molécula que apresentou atividade antioxidante mais pronunciada. (Yu et al., 2005) Para outro estudo evidenciando a atividade antioxidante do Astragalus mongholicus Bunge ver: (Deqing et al., 1994)
Vários outros estudos se relacionam focam na seguinte espécie Astragalus membranaceus Bunge, a qual possui uma atividade relacionada a potencialização da resposta imunológica em camundongos. (Tang et al., 2013) (Y. Sun et al., 1983)(Van Sun et al., 1983) Outros estudos tambem mostrarm que essa especie de astragalus possui atividade antitumoral (Rittenhouse et al., 1991) além de possuir efeito protetor contra a infecção pelo vírus Coxsackie B-2 a qual pode ser utilizada no tratamento da miocardite aguda causada por esse vírus. (Yuan et al., 1989)
Silybum marianum (CARDO MARIANO)
O silybum marianum comumente chamado de cardo mariano é uma planta pertencente ao gênero Silybum da família Leucantemum. Suas sementes e frutas vem sendo utilizadas por muito tempo (mais de 2000 anos) devido aos efeitos hepatoprotetivos. De acordo com a medicina Chinesa o cardo mariano e uma planta utilizada para processos envolvendo detoxificação. Suas sementes possuem flavonolignanas as quais possuem uma variedade de propriedades farmacológicas tais como efeitos hepatoprotetivos, anti-inflamatórios e antioxidantes. Estudos fitoquímicos realizados nessa erva indicam que seus componentes químicos podem ser divididos em duas grandes classes: flavonoides e ácidos graxos. Nesse contexto as flavolignanas são os componentes ativos principais do cardo mariano incluindo as moléculas silibinina, isosilibinina e silicristina. Porém foram identificados outros flavonoides como taxifolina e quercetina. Sua mistura de ácidos graxos e composta principalmente de ácido oleico, linoleico e palmítico. (Xin Wang et al., 2020) (Abenavoli et al., 2018)(Stolf et al., 2017)(AbouZid et al., 2016)
Vários estudos demonstraram as propriedades antimicrobianas expressivas da silibinina. Tais trabalhos demonstraram que essa molécula promove a inibição do crescimento de Candida albicans e provoca redução em sua virulência através de interferência e desestabilização de biofilmes e secreção de hidrolases. (Janeczko et al., 2019)(Lee et al., 2018)(Yun et al., 2017a)(Yun et al., 2017b)(Yun et al., 2016)
Foi também constatado com a silibinina reduz a viabilidade de Plasmodium falciparum através de danos causados na sua membrana (Mina et al., 2020), Leishmania (Olías-Molero et al., 2018) e Esquistossomose (Mata-Santos et al., 2010).
O corpo de estudos relacionados com a atividade anticâncer do cardo mariano também e vasto. Relatou-se que essa planta exerce efeitos contra câncer de próstata, gástrico, hepatocarcinomas, carcinoma da laringe, câncer de pulmão, glioblastoma, câncer de mama, vários mielomas, gliomas, câncer colorretal, melanomas malignos, câncer de bexiga, câncer de pele, entre outros. (Frassová et al., 2017)(Hosseinabadi et al., 2019)(Oufi, 2018) A maioria dessa atividade é creditada a silibinina. (El Mesallamy et al., 2011) (Kauntz et al., 2012) Adicionalmente, essa molécula causa inibição de vários tipos de câncer devido a modulação da apoptose e os caminhos de sinalização relacionados. (Bosch-Barrera et al., 2017)(Hegde et al., 2022)(McBride et al., 2012)
Uma outra propriedade muito estudada dessa planta e sua atividade hepatoprotetora. A silibinina atua na inibição da acumulação de lipídeos nas células do fígado através da atenuação da expressão da proteína ligada ao transporte de ácidos graxos. Outros compostos como a silimarina e a isosilibinina-A também mostram efeitos hepatoprotetivos. (Pferschy-Wenzig et al., 2014)(Dhami-Shah et al., 2018) Adicionalmente, foi demonstrado que a silimarina inibe a morte de células neurais do hipocampo e a progressão da neuro degeneração em modelos contendo isquemia. (Hirayama et al., 2016)(Raza et al., 2011)
Alguns estudos também descrevem atividades cardioprotetoras as quais estão intimamente relacionadas com a atuação direta da silibinina e da 2,3-dihidrosilibinina. (Zhou et al., 2007)(Gabrielová et al., 2015)
Outros estudos demonstram que alguns componentes presentes no cardo mariano também possuem efeitos relacionados a proteção da pele (Svobodová et al., 2006)(Hu et al., 2020)(Vostálová et al., 2019) e efeitos antidiabéticos. (García-Ramírez et al., 2018)(Rezabakhsh et al., 2018)(Palomino et al., 2017)
Raphanus sativus var. sativus (RABANETE PRETO)
O rabanete preto é um vegetal de raiz pertencente à família Brassicaceae. O cultivo dessa planta remonta ao Egito antigo, sendo que a Síria é provavelmente a sua região geográfica originária. (Wein, 1964) Essa planta possui utilizações na culinária e na medicina popular onde várias atividades bioativas foram comprovadamente atestadas através de pesquisas científicas. De acordo com estudos fitoquimicos alcaloides, amino ácidos, proteínas, cumarinas, enzimas, giberelinas, glicosinolatos, ácidos orgânicos, compostos fenólicos, polissacarídeos, proteoglicanos, vitamina C e β-sitosterol. Essa composição de compostos pertencentes a diferentes classes químicas está intimamente relacionada com as propriedades farmacológicas exibidas por essa planta. (Gutiérrez et al., 2004)
De acordo com o trabalho científico realizado por Lugasi et al., o rabanete preto, na forma de suco, exibiu atividade antioxidante quando administrado em ratos tratados com uma dieta rica em lipídeos. Esses resultados desses experimentos (in vitro) demonstraram que a utilização do rabanete preto na forma de suplemento alimentar resultou em efeitos antioxidantes positivos através da prevenção da peroxidação de lipídeos bem como no melhoramento das defesas enzimáticas no fígado e em eritrócitos. Porém mais estudos devem ser realizados elucidação do mecanismo de ação por trás desse efeito. (Andrea Lugasi et al., 2005) Lugasi et al. também demonstraram que os principais componentes químicos responsáveis por esse efeito antioxidante marcante são provavelmente os polifenóis presentes no suco. (A. Lugasi et al., 1998)
O suco obtido do rabanete inteiro mostrou atividade antimicrobiana atraves da inibição de: Eschirichia coli, Pseudomonas pyocyaneus, Salmonella typhi e Bacillus subtilis em experimentos in vitro. Adicionalmente, peptídeos ricos em cisteina (Rs-AFP1 e Rs-AFP2), isolados durante a fase de germinação das sementes do rabanete, (Terras et al., 1995) exibiram uma expressiva propriedade antifúngica. (Abdou et al., 1972) Observou-se que tais peptídeos inibiram o crescimento de Candida albicans, Saccharomyces cerevisiae e Fusarium culmorium. (Park et al., 2001)(Hans et al., 1997)
Além dos peptídeos citados acima, o ácido cafeico bem como o ácido ferúlico também exibiram atividade antifúngica contra vários tipos de fungos em experimentos in vitro e contra algumas bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. (Gutiérrez et al., 2004)(Gao et al., 2022)
As raízes do rabanete exibem propriedades antioxidantes conforme demonstrado através de vários experimentos envolvendo a geração de espécies reativas de oxigênio (ânion superóxido e oxigênio singleto). Além das raízes, os brotos do rabanete também exibiram atividade antioxidante através da inibição do radical hidroxila. Vale notar que essa atividade foi 1.8 vezes maior quando comparada com a inibição causada pelo ácido L-ascórbico. Tal propriedade pode estar relacionada ao teor de flavonoides, ésteres derivados do ácido sinapínico (Mohammed et al., 2018) e com a presença de compostos polifenólicos (Beevi et al., 2012) presentes nessa planta.
De acordo com um estudo publicado por Jahan &Rahmtullah, o extrato metanólico das partes aéreas do rabanete demonstraram atividades tanto anti-hiperglicêmicas quanto antinocicépticas (redução da dor) em ratos. Os resultados desse estudo mostraram que a administração do extrato metanólico reduziu os níveis de glicose sanguínea (efeito anti-hiperglicêmico) comparado com animais utilizados como grupo controle bem como as contrações abdominais induzidas (efeito antinocicéptico) nos animais testados. (Sharmin et al., 2014)
Kambel et al., demonstrou que tanto o suco obtido da folha quanto o suco obtido da raiz do rabanete exibem atividades anti-inflamatórias. Nesse estudo ratos foram utilizados como model experimental e os resultados indicaram que ambos os sucos testados (folhas e raízes) exibiram atividades contra a inflamação
Além dos seus efeitos antioxidantes exibidos, foram detectados efeitos anti-litiásticos e hipolipidêmicos nesse vegetal de raiz. Castro-Torres demonstrou em seus estudos que o suco de rabanete preto, quando administrado durante o período de 6 dias em ratas fêmeas com colesterol alto, reduziu cálculos biliares, presentes na vesícula biliar, de forma significativa. Além disso, foi observado que os níveis de colesterol e triglicerídeos diminuíram. De acordo com as conclusões dos autores, o suco de rabanete preto possui propriedades para o tratamento de cálculos biliares e para a diminuição de níveis colesterol sérico, havendo, dessa forma, a confirmação do uso dessa raiz para o tratamento de colesterol na medicina tradicional. (Castro-Torres et al., 2012) Para uma revisão de literatura no que diz respeito aos aspectos descritos acima ver: (Castro-Torres et al., 2014)
Ashgari et al., demonstrou que o extrato hidroalcoólico do rabanete preto atua na prevenção contra o agravamento da fibrose pulmonar em ratos. Nesse estudo evidenciou-se que a administração do rabanete preto na dose de 300mg/kg diminuiu significativamente as lesões histológicas e os níveis séricos de TGF-β1 (TGF-β1 = fator de transformação beta 1. Esse fator em conjunto com stress oxidativo atua na fibrose pulmonar). Como conclusão, o extrato de rabanete preto atua na prevenção do agravamento da fibrose pulmonar de forma marcante através da atenuação dos níveis de TGF-β1. (Asghari et al., 2015)
Os extratos do rabanete preto também possuem efeito anti-inflamatório celular. Jeon et al. demonstraram que os extratos de rabanete preto demonstram efeito anti-inflamatório através de efeitos imunomodulatórios na inibição seletiva dos sinais de transdução no processo de inflamação. (Jeon et al., 2020)
Ahn, et al. demonstraram que o extrato de rabanete preto em tetracloreto de carbono exibe efeito hepatoprotetor contra danos induzidos no fígado em ratos possivelmente através de sua atividade antioxidante e a acumulação de lipídeos em ratos. (Meejung Ahn et al., 2018)
Triticum aestivum (CLOROFILA DE TRIGO ORGÂNICO LIOFILIZADA)
A clorofila é um pigmento que dá às plantas sua cor verde, as quais a utilizam juntamente com a luz solar para obter seus nutrientes. Nesse contexto, a grama de trigo é particularmente muito interessante pois apresenta uma alta quantidade de clorofila, aminoácidos, flavonoides, minerais, vitaminas e enzimas que podem ser consumidos principalmente na forma de suco fresco. (Mujoriya et al., 2011) Dentre os seus principais benefícios ao corpo humano podemos citar a purificação sanguínea, detoxificação do fígado bem como a limpeza do cólon, os quais são observadas devido ao alto teor de vitaminas (A, B, C, E e K), cálcio, potássio, ferro, magnésio, sódio enxofre e 17 formas de aminoácidos. (Mujoriya et al., 2011) Além dessas propriedades, a grama de trigo possui efeitos benéficos significativos relacionados ao tratamento de vários tipos desordens sanguíneas, dissolve cicatrizes pulmonares oriundas da respiração de gases ácidos, melhora a digestão, é muito utilizado para constipação e possui uma alta absorção sanguínea. (Mujoriya et al., 2011)
Os valores nutricionais da grama de trigo se referem principalmente ao alto teor de clorofila presente, a qual possui efeitos benéficos relacionados com a cicatrização de feridas, neutralização de infecções, inibição de processos inflamatórios e parasitários. (Mujoriya et al., 2011) Além disso, a clorofila: possui um alto teor de oxigênio deixando, dessa forma, o cérebro e todos tecidos corporais num nível ótimo de funcionamento; atua na regulação do fluxo sanguíneo restabelecendo o teor de células vermelhas do sangue, mesmo em animais apresentando anemia aguda; neutraliza toxinas no corpo; possui efeitos benéficos relacionados a problemas de açúcar sanguíneo; possui utilização clínica para a cura da sinusite crônica, infecções e inflamações auditivas, para a cura de ulceras de perna, para a cura de feridas retais e para o tratamento de inflamação no cérvix uterino; para eliminar infecções parasitarias vaginais; reduz a febre tifoide e cura a piorreia avançada. (Mujoriya et al., 2011)
Segundo McCook et al., a aplicação de um gel contendo clorofila na pele reduzia os sinais de foto-envelhecimento, que é o envelhecimento resultante da exposição ao sol (McCook et al., 2016)
Outro estudo demonstrou que um gel contendo clorofilina ajudou a reduzir a acne facial e os poros grandes e visíveis. (Stephens et al., 2015)Chauhan evidenciou que o suco de grama de trigo o qual é rico em clorofila, pode ser útil no tratamento de distúrbios de deficiência de hemoglobina, como anemia e talassemia. (Chauhan, 2014)
Segundo o trabalho de Nagini et al. concluiu-se que a clorofilina pode ajudar a prevenir e retardar o crescimento do câncer (Nagini et al., 2015)
Cynara cardunculus (ALCACHOFRA)
A alcachofra é uma planta perene, amplamente cultivada por sua grande popularidade na culinária e na medicina popular desde os tempos dos gregos e da Roma antiga. A cultura dessa planta pode durar seis anos ou mais, porém, geralmente, a sua produtividade máxima no terceiro ano. A alcachofra desempenhou um papel importante na nutrição humana, especialmente na área do Mediterrâneo. (Schneider et al., 2020)
Em vários experimentos farmacológicos, foi relatado que o extrato de folhas de alcachofra (ALE) possui significantes efeitos antioxidantes, anti-HIV, hepatoprotetores, antimicrobianos e hipolipemiantes. (Apraj et al., 2016)(Seki et al., 2013)(Kawahata et al., 2013)(Hayashi et al., 2009)(Herrera et al., 2009) Para resultados relacionando a ALE com a diminuição de colesterol ver: (Pastorino et al., 2018)(Wahab et al., 2021) Para um estudo mostrando a redução de colesterol intra-hepático ver: (Fuhrman et al., 2001)
Pesquisas relacionadas à capacidade da ALE na promoção da digestão levaram à descoberta de sua aplicação para a saúde cardiovascular. Os resultados demonstrados nesses trabalhos evidenciaram que a folha de alcachofra ajudou a reduzir os níveis de colesterol e preveniu os depósitos ateroscleróticos. Estudos posteriores em ratos, possuindo com uma dieta rica em gordura, também mostraram que o extrato de alcachofra preveniu um aumento nos níveis séricos de colesterol e nas manifestações de placa aterosclerótica. (Mendes-Silva et al., 2003) (Jiyun Ahn et al., 2013)
Estudos in vitro isolaram uma variedade de compostos antioxidantes da alcachofra. Adicionalmente, uma confirmação da atividade antioxidante da alcachofra foi observada em vários estudos pré-clínicos conforme desmonstrado nas referências seguintes. (Mitra Mazumder et al., 2012)(Ojha et al., 2013)(Di Paola et al., 2009)
Em pesquisa feita na Universidade Comenius, na Eslováquia, a ALE foi estudada por sua capacidade de inibir o crescimento de células leucêmicas. Durante um período de 24 horas, as células leucêmicas foram tratadas com uma variedade de concentrações de ALE, com resultados sugerindo que exerceu uma atividade antiproliferativa nas células leucêmicas ao mesmo tempo em que induz a apoptose dessas células. (Choudhary et al., 2015)
Em um estudo clínico feito na Universidade de Reading-Reino Unido, 208 adultos que sofriam de SII e dispepsia foram monitorados durante um período de 2 meses de intervenção com ALE. Os resultados mostraram uma redução de 26,4% na incidência da síndrome do intestino entre os participantes no final do estudo. Também foi observada uma mudança significativa dos padrões intestinais autorrelatados de “constipação alternada/diarreia” para “normal”. Os sintomas de dispepsia também diminuíram 41% após o tratamento e, em geral, os participantes notaram um aumento de 20% na qualidade de vida após o tratamento. (Seung Hyung Kim et al., 2017)
BROMELINA
A bromelina é um conjunto de enzimas proteolíticas (atuam na quebra de ligações peptídicas) que podem ser obtidas comercialmente do abacaxi. (Pavan et al., 2012) Essa mistura enzimática é composta por endopeptidases contendo o grupo funcional químico “tiol” e outros componentes como fosfatases, glucosidases, peroxidases, celulases e vários inibidores de proteases. (Pavan et al., 2012) A bromelina também possui uma capacidade alta de ser absorvida pelo corpo sem perder sua função proteolítica e sem produzir efeitos colaterais. (Pavan et al., 2012)
Muitos estudos demonstram que a bromelina possui várias propriedades farmacológicas, demonstrando efeitos significativos relacionados com a circulação e o sistema cardiovascular. Foi demonstrado que a bromelina minimiza os sintomas da angina e do ataque isquêmico transitório (AIT). Essa mistura pode também ser usada no tratamento de tromboflebite e no controle do colesterol, uma vez que promove quebra das placas de colesterol. Adicionalmente, foi constatado que a bromelina exerce uma atividade fibrinolítica expressiva e que uma combinação da bromelina com outros nutrientes foi capaz de proteger o músculo esquelético contra lesões de isquemia/reperfusão. (Pavan et al., 2012)(Neumayer et al., 2006) Outros estudos demonstram que a suplementação de bromelina pode diminuir fatores de risco que levam ao desenvolvimento de doenças cardíacas. (Secor Jr et al., 2005)(Juhasz et al., 2008)
Também foi demonstrado que uma combinação de bromelina, tripsina e rutina exerceu um efeito comparável ao diclofenaco em 103 pacientes possuindo osteoartrite no joelho. Nesse estudo foi demonstrado que após 6 semanas houve uma redução na dor e inflamação. (Akhtar et al., 2004) Para outros trabalhos relacionados ao efeito contra artrite ver: (Brien et al., 2004)(Mojcik et al., 1997)(Bodi, 1966)(Kumakura et al., 1988)(Cohen et al., 1964)
A bromelina também possui um efeito positivo na coagulação sanguínea. Nessa esteira, tanto experimentos in vitro quanto in vivo evidenciaram que a bromelina é um agente fibrinolítico efetivo o qual estimula a conversão de plasminogênio para plasmina. Esse processo num aumento de fibrinólise através da degradação de fibrina. (De-Giuli et al., 1978)(Steven J Taussig et al., 1988)
Essa mistura enzimática também age contra patógenos intestinais como Vibrio cholera e Escherichia Coli. Nesses casos é sugerido que a bromelina interage com secretores intestinais e sinalizadores dependentes de cálcio. (TRACEY L Mynott et al., 1997) Outros estudos utilizando somente a bactéria Escherichia Coli sugerem que a bromelina exerce esse efeito por outro mecanismo, o qual previne a bactéria de se ligar a receptores de glicoproteína específicos localizados na mucosa intestinal. (Chandler et al., 1998)(T L Mynott et al., 1996)
Estudos recentes também mostram que a bromelina possui a capacidade de modificar caminhos relacionados à malignidade de tumores. De acordo com Chobotova et al. a atividade anticancerígena da bromelina é devido a modulação do sistema imune, inflamatório, homeostático bem como um impacto direto das células cancerígenas e seu microambiente. (Chobotova et al., 2010) Para estudos mais detalhados sobre os efeitos anticancerígenos da bromelina ver: (Báez et al., 2007)(S J Taussig et al., 1985)(Tysnes et al., 2001)(Mantovani et al., 2008)(Ferris et al., 2007)(Perwez Hussain et al., 2007)(Man-Tzu Wang et al., 2007)
Para outras propriedades da bromelina e detalhes relacionados aos seus mecanismos de ação ver: (Pavan et al., 2012)
Metilsulfonilmetano (MSM)
Tradicionalmente, a via NF-κB é considerada uma via de sinalização pró-inflamatória responsável pela regulação positiva de genes que codificam citoquinas, quimiocinas e moléculas de adesão. Nesse contexto, vários estudos, através de experimentos in vitro, indicaram que o MSM inibe a atividade transcricional do fator nuclear NF-κB dependente da dose utilizada, resultando na regulação negativa do mRNA para interleucina (IL)-1, IL-6 e fator de necrose tumoral-α (TNF-α). (Joung et al., 2016)(Yoon Hee Kim et al., 2009)(Kloesch et al., 2011)(Christian et al., 2016)(Lawrence, 2009)(Huijeong Ahn et al., 2015)(Oshima et al., 2007).
O efeito antioxidante do MSM foi notado pela primeira vez quando a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) estimulada por neutrófilos foi suprimida in vitro. Porém não houve atividade antioxidante em sistemas de células livres. Esses resultados sugerem que o mecanismo antioxidante atua na mitocôndria e não no nível químico. (Dan Dunn et al., 2015)(Beilke et al., 1987) Para outros estudos evidenciando a atividade antioxidante do MSM ver: (Karabay et al., 2014)(Liu et al., 2011)
O MSM é comumente integrado a outros agentes antiartríticos, incluindo glucosamina, sulfato de condroitina e ácido boswellico. Como mencionado anteriormente, vários estudos in vitro sugerem que o MSM exerce um efeito anti-inflamatório através da redução da expressão de citoquinas. Resultados semelhantes foram observados com MSM em modelos animais com artrite induzida experimentalmente. Além disso, o MSM em um suplemento combinatório com glucosamina e sulfato de condroitina reduziu efetivamente a proteína C reativa (PCR) em ratos com artrite reumatóide aguda e crônica induzida experimentalmente. (Yoon Hee Kim et al., 2009)(Kloesch et al., 2011)(Huijeong Ahn et al., 2015)(Oshima et al., 2007)(Amiel et al., 2008)(Arafa et al., 2013)
O MSM também é eficaz na redução de outras patologias inflamatórias em humanos. Além disso, o MSM demonstrou ser eficaz para quatro em cada seis pacientes que sofrem de cistite intersticial e o MSM também é sugerido para aliviar os sintomas da rinite alérgica sazonal. Embora a redução da inflamação sistêmica induzida pelo exercício através da utilização de MSM tenha sido observada, estudos em humanos não exploraram os efeitos inflamatórios diretamente na cartilagem ou na sinóvia, como visto na inflamação reduzida da sinovite em camundongos que receberam MSM. (Childs, 1994)(Barrager et al., 2003)(Barrager et al., 2002)(van der Merwe et al., 2016)(Moore et al., 1985)
De acordo com o trabalho publicado por Barmaki et al., o MSM é mencionado como um agente eficaz contra a dor muscular devido aos seus efeitos anti-inflamatórios, bem como a sua possível contribuição de enxofre para o tecido conjuntivo. Adicionalmente, esse estudo mostrou que o dano muscular induzido pelo exercício de resistência foi reduzido com a suplementação de MSM, conforme medido pela creatina quinase. (Barmaki et al., 2012)
PAPAÍNA
A papaína é uma enzima proteolítica, responsável pela degradação de outras proteínas, a qual está envolvida em vários processos biológicos presentes em organismos vivos. (Tsuge et al., 1999) Essa enzima está presente na casca do mamão e pode ser isolada através da coleta do líquido proveniente de cortes feitos na casca do mamão. Nesse contexto, quanto mais verde o mamão mais papaína pode ser obtida. (Mamboya, 2012)
Suas atividades proteolíticas abrangem proteínas, peptídeos de cadeia curta, esteres e amidas de amino ácidos e possui uma aplicação ampla nos campos relacionados com a medicina e alimentos. (Uhlig, 1998) Suas reações acontecem preferencialmente com a quebra de ligações peptídicas particularmente nos amino ácidos arginina, lisina e nos resíduos de fenilalanina. (Menard et al., 1990) Para aspectos estruturais detalhados a respeito dessa enzima ver: (Drenth et al., 1971)(Drenth et al., 1968)(Mamboya, 2012)
As utilizações dessa enzima no contexto medicinal incluem aplicações para remoção de detritos sem danos a tecidos sadios devido à especificidade de suas reações. (Mamboya, 2012) Nesse contexto, suas atividades ocorrem somente em tecidos que possuem a falta da antiprotease plasmática alfa-1-antitripsina, fazendo com que haja inibição de proteólise em tecidos sadios. Como o processo bioquímico para a remoção da cárie envolve a quebra de cadeias de polipeptideos e/ou hidrolise de ligações cruzadas de colágeno, (Beeley et al., 2000) alguns estudos demonstram que a papaína possui vantagens para ser aplicada em remoções de carie via processos quimiomecânicos da dentina cariada. (Lopes et al., 2007)(Mamboya, 2012)
Outra aplicação da papaína é demonstrada no tratamento de lesões, traumas e alergias causadas durante a prática de esportes. (Deitrick, 1965) Nessa esteira, foi demonstrado que fizeram utilização de suplementos a base de papaína demonstraram uma redução do tempo de recuperação de 8,4 dias para 3,9 dias. (Deitrick, 1965)(Trickett, 1964)
PEPSÍNA
A pepsina, assim como a papaína, é uma enzima proteolítica produzida pelas paredes do estômago e secretada no suco gástrico. Sua principal função e a degradação de proteínas em peptídeos mais simples. Dessa forma, a pepsina causa a dissolução de carnes e ovos devido a sua presença no ácido gástrico. (Fruton, 2002)
Os esforços para isolar, purificar e obter a caracterização completa de sua estrutura levaram ao entendimento de sua participação em reações catalíticas envolvendo duas unidades de aspartil, as quais foram também identificadas em outras proteinases aspartil como quimosina, catepsinas e proteases de plantas. Esses estudos levaram ao desenvolvimento de novos inibidores de proteases aspartil que são participantes na maturação do vírus da imunodeficiência humana e no desenvolvimento da doença de Alzheimer. (Fruton, 2002)
AMILASE
A amilase é uma enzima digestória secretada pelo pâncreas e pelas glândulas salivares. Sua principal função baseia na quebra de amido e glicogênio provenientes da alimentação. Através de suas reações de hidrolise, a amilase é capaz de transformar o amido em maltose e glicose, as quais são utilizadas como fonte de energia para o organismo. (Motta, 2003)
Outra aplicação médica muito utilizada é a determinação dos níveis séricos de amilase para os diagnósticos a vários tipos de pancreatites, desordens não relacionadas ao pâncreas como por exemplo insuficiência renal, calculo, entre outras; desordens de origem complexa (doenças das vias biliares, ulcera peptídica perfurada, obstrução intestinal, infarto mesentérico, entre outras); traumas cerebrais; queimaduras e choque traumático; cetoacidose diabética/ doenças prostáticas; gravidez; uso de drogas dentre outras. (WILLIAM B SALT et al., 1976)
LIPASE
As lipases são enzimas do sistema digestivo que atuam especificamente na quebra de lipídios em ácidos graxos e glicerol, facilitando, dessa forma, sua absorção no intestino. (Tietz et al., 1993) Um estudo publicado por Robert H. Eckel demonstrou que a lipoproteína lipase também possui um importante papel em certas patologias metabólicas incluindo obesidade. (Eckel, 1989) Outra revisão publicada por Mead et al. evidenciou que anormalidades nas funções da lipoproteína lipase pode estar relacionadas com aterosclerose, quilomicronemia, doença de Alzheimer e dislipidemia. Além de suas funções bioquímicas, Neena N. Gandhi mostra que a lipase também possui uma vasta gama de aplicações relacionadas com a produção de compostos farmacêuticos, cosméticos, couro, detergentes, perfumes, materiais orgânicos sintéticos e em diagnósticos médicos. (Gandhi, 1997) Além disso, essa enzima também possui aplicações em processos industriais. (Björkling et al., 1991)
PROTEASES
As proteases são um grupo diverso de enzimas hidrolíticas envolvidas em vários processos bioquímicos e fisiológicos relacionados com funções celulares e do organismo como, nutrição, turnover de proteínas, crescimento, adaptação etc. As proteases também estão envolvidas na regulação de muitos processos que ocorrem no corpo humano incluindo as funções celulares de diferenciação, motilidade, divisão e morte celular. Além do seu papel nos processos descritos acima, as proteases participam fisiologicamente em processos intracelulares de degradação de proteínas utilizando vários sistemas, dentre os quais podemos citar os lisossomos e o complexo proteico proteassomo. (Lodish et al., 2008)(Ward, 2011)(Bond et al., 1987)
Devido ao seu valor bioquímico, as proteases possuem um grande interesse industrial. Essas enzimas, bem como seus inibidores, são produzidas em larga escala e exibem uma grande aplicação em diferentes processos relacionados com a produção de detergentes, (Maurer, 2004)(Fujinami et al., 2010), produção de cervejas e processamento de cereais, (Fogarty et al., 2012)(Moo-Young, 2019), couro e tecidos (Ward, 2011). Uma outra aplicação que vem sendo muito explorada nos últimos anos é a utilização dessas enzimas em síntese orgânica. (Kuchner et al., 1997)(Patel, 2000) Nesse contexto, as proteases facilitam a quebra de ligações peptídicas bem como reações envolvendo ésteres e amidas. Nesse último caso as proteases são utilizadas de uma forma muito interessante pois fornecem a quebra de ligações de forma enantioseletiva, sendo dessa forma, uma importante ferramenta para a separação efetiva de pares de enantiômeros muito atrativa para a indústria farmacêutica tradicional. (Ward, 2011)(Patel, 2000)(Patel, 2006)(Bordusa, 2002)
No que diz respeito a sua aplicação no setor de saúde, as proteases são empregadas principalmente no tratamento de três patologias: trombose, câncer e como enzimas facilitadoras do processo digestório. Contra a trombose podemos citar a estreptoquinase, a qual possui a habilidade de dissolver coágulos sanguíneos e é vastamente aplicada para tratar bloqueios agudos de artérias, trombose venosa profunda, embolismo pulmonário e trombose cardíaca causada por infarto do miocárdio. (Ward, 2011) Para outras proteases relacionadas com o tratamento de trombose ver: (Craik et al., 2011)
Com relação ao tratamento de câncer foi observado que proteases provenientes de Serratia marcescens causaram a necrose de tumores sólidos. Outra protease chamada carboxipeptidase G1 proveniente de Pseudonomas sp causa a morte de tumores pela deficiência em ácido fólico. (Ward, 2011)(Barrett, 2000)
As proteases também podem substituir enzimas pancreáticas deficientes, as quais estão relacionadas com a fibrose cística e com a mal absorção intestinal severa. Nesse contexto, misturas de proteases podem controlar sintomas relacionados com lesões pancreáticas bem como ajudar na obtenção de uma melhor nutrição, além de melhorar os níveis de gordura e de absorção de nitrogênio por pacientes contendo fibrose cística. (Craik et al., 2011)(Ward, 2011)
TRIPSINA
A tripsina é uma enzima proteolítica responsável por degradar outras proteínas que se encontram no quimo (massa formada no estomago após ocorrer a mistura entre o bolo alimentar e o ácido clorídrico). Essa enzima e formada no pâncreas numa forma inativa chamada de tripsinogênio a qual se transforma em tripsina inativa ao entrar em contato com a enteroquinase presente no duodeno. (Rick, 1974)(Hirose, 2001) Como a tripsina é caracterizada como uma serino endopeptidase ela atua principalmente na hidrólise de ligações peptídicas, da função carboxila, dos resíduos de lisina e arginina carregadas positivamente. Além disso, a tripsina pode ativar o próprio tripsinogênio, outras pré-enzimas (como quimiotripsinogênio, pró-elastase, algumas pró-lipases, calicreinogênio e pró-carboxipeptidase) e atuar na regulação da função exócrina pancreática. (Leidiane Almeida Santos, 2020)
As aplicações da tripsina são vastas uma vez que essa enzima participa de importantes processos metabólicos e fisiológicos relacionados a digestão, coagulação sanguínea, controle do ciclo celular, apoptose etc. A sua comercialização está relacionada principalmente com efeitos dietéticos, como enzima digestiva para pacientes com disfunção pancreática (Cláudio Wilian Victor dos Santos, 2020) e com sua significante ação anti-inflamatória em conjunto com outros medicamentos. Nesse contexto, foi observado que a tripsina provocou um aumento na eficácia de analgésicos e antibióticos. De acordo com o estudo publicado por Lacerda, quando o paracetamol foi utilizado em conjunto com tripsina ou quimiotripsina houve uma melhora em sua ação anestésica comparada com sua utilização na sua forma isolada. (Lacerda, n.d.) Outros estudos mostraram que a tripsina também produz uma ação anti-inflamatória em pacientes com osteoartrite diminuindo a dor presente nas articulações. (Klein et al., 2006)(Manhart et al., 2002)
SAIS BILIARES
Os sais biliares são bio-surfactantes presentes no trato gastrointestinal. Possuem um papel importantíssimo na digestão e absorção de nutrientes bem como um meio de excreção de várias substâncias do sangue. (Julia Maldonado-Valderrama et al., 2011)(Mukhopadhyay et al., 2004)(Bauer et al., 2005) De uma forma muito resumida, os sais biliares possuem a função de veículos para produtos solúveis em gorduras devido a formação de micelas (agregados) desses sais com fosfolipídios, permitindo assim uma maior solubilização e transporte de nutrientes lipossolúveis para a mucosa presente no intestino delgado. Dessa forma os sais biliares possuem grandes implicações na saúde e nutrição devido seus papeis regulatórios de absorção relacionados a nutrientes e drogas. (Julia Maldonado-Valderrama et al., 2011)
No que diz respeito aos processos digestórios os sais biliares atuam facilitando o processo de absorção de nutrientes através de um tratamento pré-gástrico envolvendo diferentes condições presentes na digestão gástrica, os quais podem influenciar as interações dos sais biliares com emulsões. (Dickinson, 2006)(Macierzanka et al., 2009)(Sarkar et al., 2009)(J Maldonado-Valderrama et al., 2009)(Julia Maldonado-Valderrama, Miller, et al., 2010)(Julia Maldonado-Valderrama, Gunning, et al., 2010)(Sarkar et al., 2010) Outras funções dos sais biliares incluem o particionamento (Hofmann, 1961)(Andrieux et al., 2009)(Mazer et al., 1983)(Garidel et al., 2007)(Bauer et al., 2005) o transporte (Macierzanka et al., 2009)(Mazer et al., 1983) e a entrega de nutrientes e substâncias bioativas. (Andrieux et al., 2009)(Chakraborty et al., 2009)(Shishikura et al., 2006)(Yonekura et al., 2007)